VIVEMOS EM UMA ÉPOCA em que o matrimônio deixou
de ser um pacto entre duas pessoas que, motivadas pelo sentimento
de amor e ternura uma pela outra, resolvem construir juntas
suas vidas, apoiando-se mutuamente e tornando-se a âncora
do desenvolvimento da auto-estima da outra.
Hoje o modelo do concerto de casamento é muito mais similar
a um contrato comercial, no qual os contratantes procuram
extrair para si o máximo de vantagens com o mínimo de compromisso,
tendo obrigatoriamente aberta a cláusula do rompimento
como uma possibilidade, caso o acordo não funcione a
contento para qualquer uma das partes.
Em nossa sociedade do divórcio fácil e dos relacionamentos
descartáveis, na qual impera a “Lei de Gerson”, falar em uma instituição
na qual se pretenda entrar “para o resto da vida” pode ser
uma perspectiva assustadora para nossos jovens, cada dia mais
imaturos e despreparados para a vida adulta. (Por isso mesmo a
cada dia permanecem mais tempo na casa dos pais.)
Entretanto precisamos ensinar a nossos jovens e muitos de
nossos adultos que a relação conjugal não pode ser entendida a
partir da perspectiva de um contrato comercial. Antes a visão que
devemos ter da relação conjugal é a de um “organismo vivo”, que
tem em si toda uma dinâmica própria de nascimento, crescimento,
amadurecimento e morte, de forma natural, como todo sistema
vivente.
Cada etapa do relacionamento tem suas características próprias,
bem como as demandas e os conflitos naturais do processo de
passagem de uma etapa à outra. Estes, em vez de desestruturarem
a relação, devem ser vistos como degraus de crescimento, que nos
impulsionam a vivermos de forma mais plena e saudável.
Chamamos este processo de ciclo vital da família. Nas últimas
décadas, este processo foi amplamente estudado por pesquisadores
e profissionais que trabalham diretamente com o bemestar
da família. Terapeutas familiares, psicólogos e conselheiros
matrimoniais nos ensinam que muitas das crises que paralisam os
casais no crescimento de sua intimidade são, em última instância,
crises de passagem, e que é necessário passar por elas para que haja
crises de passagem, e que é necessário passar por elas para que haja
um crescimento efetivo. É como despir a roupa que ficou apertada
na criança que cresceu e vestir outra, mais adequada ao seu
momento de vida.
O objetivo deste livro é, a partir de nossa experiência clínica
(como terapeuta de casais e de família), nossa experiência didática
(como professor em várias faculdades e seminários teológicos),
nossa experiência ministerial (como coordenador de uma instituição
que ministra encontros de casais e promove treinamento
de líderes para ministério com famílias) e da nossa experiência
pessoal como marido, pai, sogro e na “pré-escola” para ser avô,
discorrer sobre as várias etapas do ciclo vital e sobre como estas
etapas influenciam principalmente o casal, eixo central em torno
do qual orbita a família.
0 comentários:
Postar um comentário